Com grandes fábricas, o Ceará tem se destacado no segmento de eletroeletrônicos, segundo avalia o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroele-trônicos (Eletros), José Jorge Nascimento. Ele aponta o Estado, juntamente com Pernambuco, como dois grandes polos de desenvolvimento da indústria do setor. "O Ceará possui três grandes empresas, a Esmaltec, a Mallory e a Wap, fabricantes nacionais, que têm uma cultura necessária para o desenvolvimento dos municípios em que estão instaladas", ressalta.
Ele pondera, entretanto, que mudanças advindas com a reforma
tributária, a abertura comercial do Mercosul com a União Europeia e o
tabelamento do frete podem afetar negativamente o setor. "As empresas do
Ceará chegaram a ter um aumento de 180%. Tudo isso reflete na
competitividade", ressalta.
O presidente afirma que tem mantido contato com a Secretaria da
Fazenda do Estado (Sefaz) para fazer com que essas mudanças não
prejudiquem o segmento local. "Principalmente, para que não haja a saída
de negócios de lá", aponta Nascimento, destacando que a permanência das
empresas pode ficar inviável.
"A saída de empresas seria um grande prejuízo. Foi o que aconteceu
com a Singer, que teve de sair de Juazeiro do Norte e hoje está no
Vietnã. A saída dela gerou um 'boom' muito grande", relembra.
Recentemente, a titular da Sefaz, Fernanda Pacobahyba, defendeu o modelo
de reforma que estabelece o imposto único, desde que se mantenha a
autonomia dos estados para conceder incentivos fiscais.
Sobre o acordo Mercosul-União Europeia, o presidente da Eletros
comentou que a relação só será benéfica se as condições de produção no
Brasil se igualarem às da Europa. "Aqui nós pagamos muito mais taxas e
temos de lidar com licenças e legislações que dificultam o avanço dos
resultados e a competitividade dos produtos. É preciso que haja, pelo
menos, um período de transição para que não sejamos muito prejudicados".
Resultados
No primeiro trimestre deste ano, a linha branca, que inclui
principalmente fogões, lavadoras de roupa e geladeiras cresceu 13% no
País frente a igual período de 2018. O volume de unidades vendidas
passou de 6,7 milhões para 7,6 milhões. Os dados foram apresentados,
ontem, na Eletrolar Show, principal feira do setor.
Já a linha marrom, de produtos de áudio e vídeo, recuou. A venda de
televisores no País, no primeiro semestre, caiu 16% ante o ano passado. O
total de produtos vendidos recuou de 6,4 milhões para cerca de 5,4
milhões.
"Essa diferença se dá devido à sazonalidade. Ano passado, nós tivemos
a Copa do Mundo, período em que as pessoas costumam trocar seus
aparelhos. Com uma base de comparação maior, era esperado que houvesse
um decréscimo", explicou Nascimento. Ele acrescenta que a previsão é ter
um segundo semestre melhor no segmento.
Já os portáteis apresentaram alta de 10% nos primeiros seis meses de
2019, segundo a Eletros. Isso representa 32,3 milhões de unidades
produzidas neste ano contra 29,3 milhões em igual período do ano
passado. "A indústria de um modo geral está em um momento de muitos
desafios, mas, com as reformas acontecendo, acreditamos na melhoria do
ambiente econômico. Acreditamos em um mercado consumidor aquecido,
atraindo investimentos, gerando empregos e crescimento do nosso setor",
destacou.
dn
Nenhum comentário:
Postar um comentário