A digitalização dos processos bancários tem sido apontada como a
principal causa para o surgimento de programas de demissão voluntária
(PDVs)em algumas instituições. Nesta semana, o Banco do Brasil e o Itaú
Unibanco anunciaram seus planos. A Caixa já estava com um processo de
PDV em andamento, interrompido devido à liberação do saque de parte do
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Segundo o Banco Central,
desde 2016, quase duas mil agências foram fechadas no País.
Para os clientes de bancos, fica o questionamento. Será possível
realizar todos os serviços feitos exclusivamente nas agências físicas
pela internet? Muitas instituições já oferecem serviços que antes o
usuário encontrava apenas na agência. Exemplo disso é a abertura de
conta pelo celular ou mesmo a transferência para contas no exterior. Há
ainda serviços de câmbio e consultorias personalizadas.
Segundo a entidade, o número de transações bancárias feitas pelo
celular em 2018 cresceu 24% em relação ao ano anterior. "Hoje, a cada 10
transações, com ou sem movimentação financeira, 6 são feitas por meio
digital. Em 2018, 2,5 bilhões de pagamentos e transferências foram
realizados por mobile banking, que, pela primeira vez, superou o
internet banking na preferência do brasileiro".
O Banco do Brasil (BB) informou em nota que "praticamente a mesma
gama de serviços que eram realizados em agências físicas podem ser
realizados de forma online". Já o Santander disse que "há a oportunidade
de escolha do canal do banco com o qual clientes queiram se
relacionar". O banco ressalta ainda que permite que os clientes se
'autoatendam' nos produtos e serviços com que possuem mais
familiaridade.
Fatores
Cada vez mais comum no Brasil, o fechamento de agências físicas é
visto com preocupação pelo presidente do Sindicato dos Bancários do
Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, que avalia que essas instituições devem
cumprir papéis sociais. "A redução de agências tem a ver com movimentos
de adequação tecnológica de alguns sistemas, de adequação de quadro para
implantar sistemas que não vão exigir a mesma quantidade de
funcionários". Ele aponta que, só no primeiro semestre, o Ceará perdeu
183 postos de trabalho nas agências.
"Nós tivemos redução de agências na quantidade de trabalhadores.
Algumas funcionam com poucos funcionários, com redução no horário de
atendimento. Isso traz prejuízo ao atendimento. Além de que os bancos
privados não têm tido atuação de abrir agências no interior".
O consultor econômico Henrique Marinho, porém, avalia que o movimento
tecnológico é uma tendência mundial. "A inovação leva a uma menor
utilização de mão de obra física. Normalmente, essas demissões
voluntárias estão acontecendo nas estatais e nos bancos públicos porque
eles têm uma mão de obra mais qualificada, com salários mais elevados. É
uma estratégia fazer a mudança de pessoas que têm muito tempo de
serviço para chamar novos concursados com salários menores".
O BB informou que não reduziu o número de agência no Ceará entre
julho de 2018 a julho de 2019. O banco possui 190 dependências no
Estado, em 146 municípios.
O Santander disse que está na contramão do mercado e abrindo
agências. No Ceará, o banco aumentou em 15% o número de funcionários em
julho, ante igual período do ano passado. Além disso, abriu mais três
agências neste período e diz que vai inaugurar mais quatro neste ano.
Caixa, Banco do Nordeste e Bradesco não informaram sobre possíveis
reduções no quadro de funcionários e agências. O Itaú disse que as
informações são estratégicas e que também não se manifestaria.
dn
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