A Justiça cearense determinou, ontem, a prisão
preventiva do tenente da Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE)
Leonardo Jader Gonçalves Lírio. O servidor é acusado de torturar um
adolescente, há quase um ano. Segundo o Poder Judiciário, o PM foi preso
por ter intimidado uma testemunha e a vítima do crime.
Consta na decisão que no último mês de julho o tenente intimidou uma
testemunha. Quando a mulher foi até a Controladoria Geral de Disciplina
dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Estado do
Ceará (CGD), Jader teria ficado dentro de um veículo, estacionado em
frente ao local. Também foi relatado às autoridades que o acusado foi
até a casa da vítima das torturas com a finalidade de ameaçar o
adolescente e, depois, policiais teriam passado em frente à casa da mãe
da testemunha fazendo ameaças.
Nessa terça-feira (30), o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) do
Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu a prisão preventiva após
receber documentos dando notícia dos fatos.
Para o Poder Judiciário, diante das supostas ameaças e intimidações
atribuídas ao acusado "a medida cautelar de afastamento não se mostra
isoladamente suficiente para assegurar a livre produção das provas e a
própria integridade das testemunhas. As atitudes demonstram a
necessidade de aplicação de medida mais restritiva, que de fato assegure
o transcurso normal da instrução processual, livre de influências,
revelando-se ser a prisão preventiva no momento a única medida apta para
tal finalidade".
A defesa do tenente tentou revogar a prisão preventiva ontem logo
quando proferida a decisão, porém, o juiz indeferiu o pedido e destacou
que a prisão permanece sendo conveniente para a instrução criminal. O
militar foi detido ainda na audiência e encaminhado para o Presídio
Militar.
Na decisão, foi designado que, no próximo dia 28 deste mês, aconteça
oitiva das testemunhas arroladas pela defesa. A reportagem tentou entrar
em contato com o advogado que representa o tenente, porém, nenhuma das
ligações foi atendida.
Caso
Além de Lírio, os cabos Jean Claude Rosa dos Santos e Carlos Henrique
dos Santos Uchoa, e o sargento José Alexandre Sousa da Costa também
foram denunciados por tortura comissiva e omissão perante tortura. A
investigação aponta que a tortura aconteceu no dia 28 de agosto de 2018, no bairro Bela Vista, em Fortaleza.
Os policiais estavam em diligência buscando drogas e armas escondidas
em um terreno baldio. Na ocasião, foram encontradas 500 gramas de crack
e seis pessoas foram presas. A tortura foi filmada e o vídeo amplamente
divulgado nas redes sociais. As imagens mostram dois policiais
participando diretamente da tortura, enquanto os dois observam e
continuam as buscas.
Em março deste ano, os quatro policiais foram afastados das funções e
denunciados pelo Ministério Público. Ainda neste mês de julho, foi
publicado no Diário Oficial do Estado que Carlos Henrique, José
Alexandre e Jean Claude poderiam voltar às funções administrativas, com a
restrição ao uso e o porte de arma de fogo.
dn
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