A Comissão da Infância e da Adolescência (CIA) da Assembleia Legislativa realizou, na tarde desta quarta-feira (04/09), no Complexo de Comissões Técnicas, audiência pública que debateu o suicídio na adolescência e apontou alternativas de prevenção do problema.
A deputada Érika Amorim (PSD), presidente da comissão e autora do requerimento, disse que o debate faz parte das atividades alusivas ao Setembro
Amarelo, de prevenção ao suicídio. Segundo ela, as estatísticas de suicídio no Brasil, especialmente no Ceará, são preocupantes. "O Ceará está em primeiro lugar no Norte/Nordeste e é o quinto no ranking nacional em número de suicídios”, informou. A parlamentar disse que a iniciativa busca promover um alerta sobre o tema e mostrar à sociedade que é necessário ter um novo olhar para a juventude, para que os números possam ser reduzidos no estado. "Uma pessoa que comete suicídio acaba atingindo indiretamente outras sete pessoas, desestruturando as pessoas que estão próximas", alertou.
O deputado Evandro Leitão (PDT), que é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e Combate à Depressão e ao Suicídio, informou que, durante todo o mês de setembro, haverá atendimentos, debates e palestras sobre o assunto. "O objetivo da frente é fazer esse trabalho de sensibilização e mobilização chamando a atenção da sociedade cearense para a gravidade do problema que é a depressão", declarou. Ele informou ainda que, na próxima segunda-feira (09/09), será realizada uma reunião pela frente parlamentar para que seja traçada uma agenda para Fortaleza e para todo o Ceará.
O deputado Apóstolo Luiz Henrique (PP) afirmou que a depressão é um problema muito sério de saúde mental. "Ninguém quer tirar a própria vida. Mas a dor, a angústia é tão profunda que essa pessoa acaba tirando a própria vida para acabar com a dor", declarou.
Para ele, o Setembro Amarelo é uma iniciativa louvável, que é realizada em todo o Brasil. "É necessário dizer para as pessoas que estão angustiadas e sem perspectiva que há esperança, que o sofrimento passa, que a dor passa, a tribulação passa e o que vale a fé em Deus", pontuou.
A psicóloga Alessandra Xavier apresentou um estudo com dados sobre o suicídio e apontou medidas de prevenção para que esses números possam ser reduzidos. Segundo ela, o fenômeno do suicídio é considerado uma questão de saúde pública. "É um fenômeno complexo, multicausal, ou seja, não existe única causa, e isso foi o que fez ele se tornar um problema de saúde pública", afirmou.
Para a psicóloga, que é mestra em Educação e doutora em Psicologia Clínica e Psicobiologia, o fenômeno do suicídio envolve aspectos sociais, como violência, desemprego, moradia, educação, falta de segurança; aspectos econômicos; aspectos físicos; fragilidade de vínculos sociais, como isolamento, solidão etc. "Nós vivemos hoje, infelizmente, em um contexto em que a violência e a solidão têm ganhado extrema relevância", pontuou.
Alessandra Xavier apontou alguns caminhos a seguir para tentar reduzir essa situação. Ela sugeriu a qualificação dos profissionais que atuam na atenção básica para que ela funcione e se articule em rede, tanto com a atenção especializada como também com a assistência social, com a educação, que integra a política de arte, cultura e esporte. Também é preciso geração de renda, para que haja perspectiva de futuro, principalmente para os adolescentes.
Além disso, ela ressaltou a necessidade de ampliar do número de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), promover discussões sobre questões familiares, para que a família seja um lugar de proteção do adolescente, um lugar de acolhimento e que a cidade onde esses adolescentes moram seja um lugar onde existam práticas solidárias, uma rede de serviços com qualidade no campo da saúde, da assistência social, da educação para combater práticas como a violência sexual, que tem levado muitos jovens ao suicídio.
Também participaram do debate a psicóloga e o psiquiatra do Hospital Infantil da Sociedade de Assistência e Proteção a Infância de Fortaleza (Sopai), Elizabete Santos e Alfredo Holanda; a primeira-dama de Horizonte, Vânia Dutra; psicólogos, psiquiatras, representantes da Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca), da Secretaria de Desenvolvimento Social de Fortaleza, professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece), além de professores e estudantes do município de Caucaia.
WR/CG
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