terça-feira, 10 de setembro de 2019

Comissão propõe grupo de trabalho para debater políticas sobre autismo

A oferta de atendimento baseado na abordagem Applied Behavior Analysis (ABA) para pessoa com transtorno do espectro autista (TEA) foi debatida nesta terça-feira (10/09), durante audiência realizada pela Comissão de Seguridade Social e Saúde da Assembleia Legislativa.
A discussão atendeu requerimento do deputado Nezinho Farias (PDT), que informou que será criado um grupo de trabalho com profissionais da saúde especializados em tratamento de portadores de autismo, além de pais, educadores e representantes do Conselho Regional de Psicologia para debater a regulamentação de uma política pública estadual voltada para os autistas, além de discutir a possibilidade de a Applied Behavior Analysis ser oferecida na rede pública de saúde. 
O deputado fez o encaminhamento atendendo sugestão da vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-CE, Gabrielle Bezerra. Ela também solicitou que seja estabelecida e regulamentada uma política estadual de atenção multiprofissional para o atendimento aos portadores de autismo no estado do Ceará. 
Advogada da Associação Fortaleza Azul e mãe de um menino autista, Janielle Severo falou sobre a experiência com a aplicação da Applied Behavior Analysis no atendimento do filho e afirmou que “é grande a diferença no desenvolvimento nas atividades diárias”. Ela reforçou que “uma intervenção intensiva e precoce aumenta a probabilidade de se desenvolver” e cobrou que o atendimento e o diagnóstico do autismo sejam feitos ainda nos primeiros anos de vida.  
A importância do diagnóstico precoce também foi defendida pela psicóloga Ana Arantes, com experiência nesse tipo de abordagem. Ela explicou que a ABA atua no comportamento de forma multiprofissional e transdisciplinar para ajudar os pacientes a se sentirem mais inseridos na sociedade, para que possam se expressar, ter autonomia e ter uma interação saudável. Ela destacou que considera importante que os portadores de autismo tenham acesso às terapias com estrutura adequada e com tempo de atendimento sem limitações, mas que durem a quantidade de horas necessárias para cada caso. 
Em sua fala, a secretária geral da Comissão das Pessoas com Deficiência da OAB-CE, Fabiana Farah, disse que tem uma filha com autismo e afirmou que ela teve uma grande evolução com a ABA. “É importante frisar que as escolas não têm capacitação,” que as dificuldades de conseguir atendimento por meio dos planos de saúde é muito grande e que é mais complicado ainda no interior do estado, pontuou. 
O presidente do Conselho Regional de Psicologia, Diego Mendonça, também destacou a falta de assistência no interior do estado e que é preciso maior preparo dos profissionais de diversas áreas. Ele informou que esse debate deverá feito também dentro do conselho, para proporcionar uma discussão qualificada e perene.
O portador de autismo e representante da Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo (ABRAÇA), Ciel de Souza, defendeu o respeito ao que ele chamou de neurodiversidade e afirmou que o autista deve ser inserido na sociedade sem que se tente eliminar sua identidade. 
A audiência também contou com as presenças do deputado Tony Brito (Pros); do psicólogo Felipe Lustosa Leite; do diretor da Casa da Esperança, Alexandre Costa e Silva; de representante da Escola de Saúde Pública, Cleo Oliveira, e da secretária executiva da Associação para Desenvolvimento Social dos Municípios (APDM), Amelia Prudente.
JM/CG

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